O surto escrito é literalmente o que significa. É todo pensamento que tem de ser abafado por qq razão que seja. Aqui todo "surto escrito" é permitido desde que seja verdadeiro...

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Como a vida é boa...



Ontem tive uma noite maravilhosa.
Nada como matar as saudades dos amigos, comer uma pizza, encher a cara de vinho e de quebra um docinho pra fechar a noite com chave de ouro... Relembramos histórias engraçadas, pedimos uma garrafa, fizemos as atualizações pendentes das mais recentes, combinamos uma festa, pedimos a segunda garrafa, comemos a sobremesa e claro fizemos a promessa de fechar a boca a semana inteira e de tornar cada domingo especial com alguma coisa diferente para se fazer, terminamos com a segunda garrafa e por incrível que pareça senti minha torcicolo dar uma boa melhorada, foi o vinho, a comida ou a companhia? Acho que tudo com uma ênfase aos amigos pois sem eles o banquete do rei não tem a menor graça...
Pri e Edu, adoro vocês!!

Ana Claudia 

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Histórias de adolescente parte 2: A crise de riso

Sou uma pessoa tímida. Eu sei, a maioria das pessoas não vai acreditar porque eu dou aulas, trabalho com público essencialmente e isso requer o mínimo na arte da comunicação. Mas vamos esclarecer as coisas, sempre fui muito tímida para paquerar. É muito comum o cara achar que eu não quero nada com ele porque simplesmente não tenho coragem de olhar no olho e dar aquela "encarada" que quer dizer: humm tô te querendo. Mas enfim... cada um é o que é. Para driblar isso aprendi a ser engraçada, consigo entreter qualquer pessoa contando histórias engraçadas, falando de banalidades mas nunca de mim. Não sei se é o melhor artifício mas foi o que eu encontrei e onde me especializei.

Quando era adolescente era apaixonada por um rapaz. Claro, ele era o tal do bairro, desfilava pra cima e pra baixo cada vez com uma nova namoradinha e eu me conformava em ficar no anonimato. Claro! Ele jamais olharia para mim, uma rélis mortal, que falava sem parar e ria como uma hiena. E pra piorar a minha situação eu era a amiga "brother" dos caras. Acho que de tanto eu conversar, dar risadas e ajudar os componentes do time que perdia num domingo a se vestirem de mulher no jogo de futebol seguinte era considerada a amiga "brother" por todos os garotos do bairro. Pra completar a minha desgraça tinha uma amiga piriguete que beijava todos os meninos dos condomínios...

Pois bem. Um dia essa amiga invade a minha casa: "_Ana Claudia marquei de ir numa danceteria com o fulano e o siclano que você é apaixonada vai também, então você vai porque só vamos nós quatro e com certeza vai rolar paquera para o seu lado. Andei especulando com o fulano e fiquei sabendo que o siclano sempre te achou linda mas que você não olha muito na cara dele."

Fiquei toda polvorosa!!! O siclano me achava linda!!! Até que enfim minha vez tinha chegado! Chega de anonimato e de ser amiga brother, agora eu ia beijar o siclano! Me arrumei toda linda e fomos no domingo lá pra danceteria, que ainda fazia matinês aos domingos e ia até 23h.

Chegando lá minha amiga já se enroscou com o fulano e foram dançar. E eu coitada fiquei com o siclano, procurando desesperadamente algum assunto que pudesse ser dito em poucas palavras no meio daquela música ensurdecedora e que disfarçasse um pouco o ataque de timidez que eu estava tendo exatamente naquele momento. De repente ouço a voz dele:
"_ Me deu uma vontade de te beijar agora..."

Pausa porque eu fiquei muda não sei por quanto tempo, olhando pra cara do siclano acho que meio abobalhada.
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Ele ficou me olhando meio na dúvida porque acho que não sabia se eu tinha entendido o que ele tinha dito devido a mudez repentina.
De repente eu explodi. Explodi em risadas! Ria por fora porque não conseguia fazer outra coisa e por dentro tinha vontade de sair correndo e fugir dali pois sabia que aquele acesso de riso em tão má hora seria minha derrocada.
Pausa novamente enquanto ele me olhava tendo quase um ataque histérico de risos com uma cara de quem não sabia o que pensar.
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Nem preciso dizer que foi mesmo. A noite terminou com uma conversa muito da esdrúxula sobre o time de meninos que tinha perdido o jogo de futebol naquele dia e iriam se vestir de mulher para jogar na semana seguinte.
Palmas para a Ana Claudia.

Encontrei o siclano anos depois em um shopping, conversa vai e vem sobre o que estávamos fazendo da vida, namorados, conhecidos em comum e ele solta a pérola: Vi você dançando na televisão há algum tempo, e lembrei do quanto você riu de mim quando eu quis te dar um beijo. Quase fui parar na terapia, comecei a me achar incapaz de ficar com uma menina. Você acabou com a minha autoestima por um tempo!
Entre risadas expliquei pra ele minha timidez e paixonite por ele, e o quanto eu era (e ainda sou) tímida para aceitar um beijo naquela época e pedi desculpas por eventuais danos psicológicos.

Pausa para gargalhadas que desta vez os dois deram juntos e quase caíram no chão de tanto se contorcer rindo...
Como ser adolescente é bom, é pena que só descobrimos isso depois...

Ana Claudia
   

Saudades do Dio e algumas outras também...

De uns dois dias pra cá, comecei a sentir uma saudade imensa do meu padrinho. Acho que por fazer um ano que ele faleceu neste mês. Foi no mesmo dia em que o Dio (Ronnie James Dio), então quando eu sinto saudades ou minha memória começa a me trazer histórias deles fico ouvindo Dio o tempo todo. Tenho certeza de que meu padrinho nem sabia quem era ele mas na minha cabeça os dois se tornaram irmãos. A memória de um não existe sem a memória do outro.
Se meu pai é o herói da minha vida adulta meus padrinhos (que Deus os tenha) foram meus heróis de infância. Minha madrinha era boleira (hoje em dia seria cake designer, nossa que chique!) e meu padrinho tinha caminhões e dirigia um deles. Lembro de vários episódios de minha infância na casa deles. Lembro de desfilar toda faceira em casa com um conjunto de camisolinha e penoir vermelho de bolinhas brancas que ela tinha me dado. Minhas bonecas Moranguinho e a Susy. Eu não gostava muito de bonecas mas morria de vergonha de falar. Lembro dela ajudando minha mãe a fazer o meu bolo de aniversário (vou escrever um post sobre isso tb que é engraçadíssimo!). Do meu padrinho vindo em casa às pressas com meu tio Tuta porque meus pais estavam se matando de brigar. Lembro de cada presente que ganhei e a sensação de me sentir especial numa família. Tente mensurar o quanto isto é importante para uma criança que vive numa casa onde os pais estão perdidos em um mar de brigas constantes, ausência, abandono e falta de companheirismo com três crianças a tiracolo.
As cenas mais fortes deles na minha cabeça é a minha madrinha na mesa cortando um bolo para todos nós sobrinhos pequenos e de uma boneca enorme que ela tinha guardada que cada vez que eu olhava me dava medo. A boneca parecia uma menina gigante, devia ter um metro de altura, aquilo me dava pavor! Do meu padrinho eu lembro muito do sorriso: era um sorriso irônico, só com um dos cantos da boca, lembro dele sempre queimado de sol mexendo no caminhão, com uma carteira grande de mão que os homens carregavam e que não se usa mais. Do sotaque dele bem caipira mandando alguém ir “pru meio dos córno sô!”. Lembro dele levando eu e toda a primaiada endemoniada pra andar no caminhão. Ai que saudades...
 Lembro de estar saindo do hospital na noite do domingo, ligar o rádio do carro e perceber que tocavam Dio sem parar na Kiss FM. Foi quando o locutor falou da morte que tinha sido naquela manhã. Cheguei em casa e não conseguia fazer nada, deitei na cama e comecei a rezar, de repente me veio a imagem do meu padrinho na cabeça com um sorriso bem largo, que não era característico dele. Saí da cama, sentei ao lado do telefone e esperei porque eu já sabia o que tinha acontecido. Cerca de cinco minutos depois o telefone tocou. Ele havia partido, seu sofrimento havia acabado.
Espero que eles estejam bem.  E que de onde estiverem ouçam o meu “bença tio e bença tia” com um beijo na mão de cada um, como eu fazia quando era criança. E que realmente eles me abençoem e me acalmem um pouquinho as saudades que esta semana estão castigando bastante...
E como um não vive sem o outro um pouquinho de Dio na trilha sonora...
Ana Claudia

terça-feira, 10 de maio de 2011

Príncipe e princesa?

Atrasado mas ainda em tempo. Estava fuçando na internet e achei este texto. Vamos saber o que acontece nos palácios depois do famoso "foram felizes para sempre"...

"Que mulher nunca sonhou em ser uma princesa? Agora deixe sua imaginação voar... Você é uma plebéia e de repente se apaixona e se casa com o futuro Rei da Inglaterra.
Imagina agora que sua vida vai mudar radicalmente em nome deste amor. Seus passos serão "para sempre" vigiados, não vai mais sair com as amigas para falar mal do marido, nem beber além da conta, fofoquinha então? Nem pensar. Não vai mais ao shopping olhar vitrine nem pegar um cineminha de bobeira. Não vai mais poder errar no corte de cabelo, nem na cor, aliás não vai mais escolher seu novo corte de cabelo sem uma legião de assessores. Não vai mais falar mal da família do marido, nem passar os Natais com a sua família. Não vai mais repetir roupa, que disperdício usar um vestido lindo uma vez só na vida, o vestido te caiu tão bem...
Não vai mais pegar seu carro e dar uma voltinha para espairecer, nem vai abraçar e beijar seu marido em público, muito menos andar ao seu lado, dois passos atrás é o recomendável. Não vai mais chorar na frente dos outros. Não vai mais mascar aquele chicletinho e de repente fazer uma bola. Não viajará de férias sem que tenha um paparazzi examinando sua forma física. Engordar só será permitido para gerar um herdeiro, de preferência homem, cuja educação você pouco fará parte.
Sua vida será regida por este amor, tudo girará em torno das suas vontades que melhor se encaixam na vontade de seu povo. E você?
Viverá no luxo, dormirá em lençois engomados, não vai precisar nem pegar um copo d'água. Lembrar o dia de pagar uma conta? Nunca mais este mundo irá te pertencer. Seu nome entrará para os livros de história e a partir de agora você se tornará uma instituição e não mais uma pessoa com o direito de ir e vir, berrar e chorar, rir e gargalhar.
Sempre quis ser uma princesa como toda menina e hoje agradeço aos livros de conto de fadas que terminam suas histórias no dia do casamento com um singelo "felizes para sempre". Isso nos conforta, ameniza os percalços que a princesa irá passar daqui por diante, pois ser feliz para sempre com tantos nãos, etiquetas, cerimoniais, rituais e restrições não deve ser fácil, tenho certeza que eu tropeçaria já na igreja seja na barra do vestido ou no véu de 20 metros ou ainda estaria de porre comemorando (rsrsrs) dando um beijo e um abraço com o rímel escorrendo na Rainha".

Fonte: passei dos trinta.blogspot.com

Ana Claudia Andrade

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sempre Drummond...

Recebi por email de uma amiga e decidi publicar...
Boa semana a todos!!



“VIVER NÃO DOÍ

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor?

O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido
uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.
Sofremos por quê?

Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projeções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos,
por todos os filhos que
gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados,
pela eternidade.

Sofremos não porque
nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe
é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que
poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada
em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras
nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e
nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!

A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade..

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.”

(Carlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Minha vida num papel.





Esta semana aconteceu um fato inédito na minha vida!
Fui indicada para dar aulas de dança em uma escola, a proprietária entrou em contato comigo, conversamos um pouco. Saí para trabalhar e quando cheguei em casa vejo um recadinho ao lado do telefone com a letra da minha mãe escrito o email da mesma mulher e um recado: "para você mandar seu CV".
?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!
A frase acima escrita foi a minha reação.
Não me levem a mal mas eu nunca tive que fazer meu CV, estou acostumada a ser indicada e sempre muito elogiada por quem me indica. Não tenho nada contra escrever todo seu aprendizado em um papel para que te conheçam melhor mas estou acostumada a já ter o meu trabalho conhecido. Mas enfim... sentei no computador para escrever o dito cujo do CV...

Mas como explicar?
Como explicar que metade da minha vida foi dedicada a dança? Que dar aula pra mim é mais que um trabalho é uma paixão sem a qual eu não consigo viver? Como explicar que foi a dança que me salvou de mim mesma, de uma vida medíocre,  de uma família e existência infeliz, de um casamento desfeito e que quando o mundo estava desabando na minha cabeça o único lugar onde eu encontrei paz foi dentro de uma sala de aula? Que foi a dança que trouxe as pessoas mais queridas que fazem parte da minha vida, minhas melhores amigas, minhas mais fortes amizades?  Como escrever que foi dançando que conheci lugares maravilhosos e horrorosos, que acabei conhecendo mais a vida e o ser humano, que é dançando e dando aulas que sinto uma felicidade que acho que nunca sentirei na vida, que dar aulas para mim é mais que um trabalho, é uma devoção, um sacerdócio? Como explicar que a cada movimento que ensino para uma aluna sinto como se eu estivesse ensinando meu próprio filho a andar? Como explicar metade de uma vida de dedicação, como escrever uma vida que só se tornou inteira quando eu comecei a dançar?

Não encontrei nenhuma resposta para minhas perguntas. Fiz o CV como se deve fazer mesmo, nome, endereço, data de nascimento,  com quem estudei, quais cursos fiz, experiência profissional etc, etc...
Espero que em alguma letra que ela leia esse amor todo que tenho pelo meu trabalho extravase e ela consiga percebê-lo e mesmo que muito inconscientemente, possa sentí-lo também.

Ana Claudia