O surto escrito é literalmente o que significa. É todo pensamento que tem de ser abafado por qq razão que seja. Aqui todo "surto escrito" é permitido desde que seja verdadeiro...

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Saudades do Dio e algumas outras também...

De uns dois dias pra cá, comecei a sentir uma saudade imensa do meu padrinho. Acho que por fazer um ano que ele faleceu neste mês. Foi no mesmo dia em que o Dio (Ronnie James Dio), então quando eu sinto saudades ou minha memória começa a me trazer histórias deles fico ouvindo Dio o tempo todo. Tenho certeza de que meu padrinho nem sabia quem era ele mas na minha cabeça os dois se tornaram irmãos. A memória de um não existe sem a memória do outro.
Se meu pai é o herói da minha vida adulta meus padrinhos (que Deus os tenha) foram meus heróis de infância. Minha madrinha era boleira (hoje em dia seria cake designer, nossa que chique!) e meu padrinho tinha caminhões e dirigia um deles. Lembro de vários episódios de minha infância na casa deles. Lembro de desfilar toda faceira em casa com um conjunto de camisolinha e penoir vermelho de bolinhas brancas que ela tinha me dado. Minhas bonecas Moranguinho e a Susy. Eu não gostava muito de bonecas mas morria de vergonha de falar. Lembro dela ajudando minha mãe a fazer o meu bolo de aniversário (vou escrever um post sobre isso tb que é engraçadíssimo!). Do meu padrinho vindo em casa às pressas com meu tio Tuta porque meus pais estavam se matando de brigar. Lembro de cada presente que ganhei e a sensação de me sentir especial numa família. Tente mensurar o quanto isto é importante para uma criança que vive numa casa onde os pais estão perdidos em um mar de brigas constantes, ausência, abandono e falta de companheirismo com três crianças a tiracolo.
As cenas mais fortes deles na minha cabeça é a minha madrinha na mesa cortando um bolo para todos nós sobrinhos pequenos e de uma boneca enorme que ela tinha guardada que cada vez que eu olhava me dava medo. A boneca parecia uma menina gigante, devia ter um metro de altura, aquilo me dava pavor! Do meu padrinho eu lembro muito do sorriso: era um sorriso irônico, só com um dos cantos da boca, lembro dele sempre queimado de sol mexendo no caminhão, com uma carteira grande de mão que os homens carregavam e que não se usa mais. Do sotaque dele bem caipira mandando alguém ir “pru meio dos córno sô!”. Lembro dele levando eu e toda a primaiada endemoniada pra andar no caminhão. Ai que saudades...
 Lembro de estar saindo do hospital na noite do domingo, ligar o rádio do carro e perceber que tocavam Dio sem parar na Kiss FM. Foi quando o locutor falou da morte que tinha sido naquela manhã. Cheguei em casa e não conseguia fazer nada, deitei na cama e comecei a rezar, de repente me veio a imagem do meu padrinho na cabeça com um sorriso bem largo, que não era característico dele. Saí da cama, sentei ao lado do telefone e esperei porque eu já sabia o que tinha acontecido. Cerca de cinco minutos depois o telefone tocou. Ele havia partido, seu sofrimento havia acabado.
Espero que eles estejam bem.  E que de onde estiverem ouçam o meu “bença tio e bença tia” com um beijo na mão de cada um, como eu fazia quando era criança. E que realmente eles me abençoem e me acalmem um pouquinho as saudades que esta semana estão castigando bastante...
E como um não vive sem o outro um pouquinho de Dio na trilha sonora...
Ana Claudia

Um comentário:

  1. caramba...que lindo post! Me arrepiei!
    Eu também perdi meu padrinho, ele foi assassinado. Já estava separado da minhamadrinha há uns 7 anos, e desde então ele nunca me procurou. Não sei pq, nao senti mta dor. Aliás, nao senti dor alguma. Apenas fiquei chocada e começou a vir a imagem dele na minha cabeça pois eramos muito ligados quando até os meus 8 anos.
    Padrinho e madrinha são seres especiais. Seja de casamento ou de batismo ou de formatura. Significa q caso alguma coisa aconteça, eles estarão sempre lá!

    Quanto às histórias do caminhão, tenho historias parecidas com a caminhonete Ford vermelho sangue do meu avô...rsrs Uma comédia! tds os primos digiriram, minha mãe e tds os filhos dirigiram. Uma pena que foi vendida antes que eu pudesse ter experimentado rsrsrsrs
    Fora os 350 doces q a minha avó fazia e comprava pros netos e deixava a gente comer escondido dos nossos pais antes do almoço...rsrsrsrs

    Belo post, otimas lembranças!

    BJKS

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